Esta noite não nos dá o sono Não há abandono nem há cor de solidão Vai mudar o ano, já é tempo De deitar mágoas ao vento E acender a paixão
Já se junta o povo no terreiro Já se ouve o gaiteiro lá ao longe a foliar Deitam-se os agoiros na fogueira Corre o vinho a noite inteira É o fim das coisas más
Vá de retro satanás
Já se pôs a cabra a assar no pote Que nunca se esgote o que a terra tem p’ra dar Calhe boa a nova sementeira E haja pão na eira Lá pró tempo do acordar
Abre-se uma porta à outra vida Se calhar escondida onde a alma vai dormir O carro a chiar soou no breu O canhoto já ardeu E o que é mau ficou p’ra trás