Ele vinha sem muita conversa Sem muito explicar Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço Dourado no dente Minha mãe se entregou a esse homem Perdidamente (pedidamente)
Láia, laia, êêêêê, laia, laia...
Ele assim como veio, partiu Não se sabe pra onde e deixou minha mãe com o olhar Cada dia mais longe Esperando parada à parada Na pedra do porto Com seu único, velho vestido Cada dia mais curto
Láia, laia, êêêêê, laia, laia...
Quando enfim eu nasci, minha mãe Embrulhou-me num manto E me vestiu como assim, como eu fosse Uma espécie de santo Mas por não se lembrar de acalantos A pobre mulher Me ninava cantando cantigas De cabaré
Minha mãe não tardou a alertar Toda a vizinhança A mostrar que ali estava mais Que uma simples criança E não sei bem se pura ironia Ou por amor Resolveu me chamar com o nome De nosso Senhor
Láia, laia, êêêêê, laia, laia...
Minha história e esse nome que ainda hoje Carrego comigo Quando vou, show em show, viro a mesa, Berro, bebo e brigo Os ladrões e os regueiros, amantes, Meus colegas de cruz Me conhecem só pelo meu nome... Menino Jesus Os regueiros e loucos poetas, de fumaça e de cruz Me conhecem só pelo meu nome... Cidade Negrrrrrrrraaa!!!!!!!!
Láia, laia, êêêêê, laia, laia, êêê...
Compositores: Lucio Dalla (SIAE), Paola Pallottino (Pompei Paola) (SIAE)ECAD verificado obra #7604 em 11/Abr/2024